Bem Sertanejo.
Bem sertanejo
Hoje, 16.11.2014, o programa da Rede Globo, Fantástico, encerra sua série de especiais sobre a história da música sertaneja. Momento emocionante para nós do interior do Brasil, que crescemos ouvindo essa maravilhosa e tão genuína música de raiz brasileira.
Nos idos da década de 70, nós caipiras gostávamos de ouvir a música sertaneja de Leo Canhoto e Robertinho, Trio Parada Dura, Milionário e José Rico, dentre outras duplas. Com o Programa de Zé Bétio, na Rádio Record de São Paulo, a música sertaneja se espalhou pelo país. Para mim, que morava no interior de Goiás, a sertaneja era a única que merecia receber o nome de música. Mas a década de 80 estava chegando.
Nos anos 80, outras duplas chegaram ao mercado, como Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, João Mineiro e Marciano e Zezé di Camargo e Luciano. Trouxeram uma nova roupagem a essa música, agora ao invés da viola e violão, os “conjuntos”, com baterias, guitarras e órgãos (teclados) davam o tom, apresentando uma música sertaneja mais palatável aos jovens daquela década em ebulição cultural. Duplas como Chrystian e Ralf e Zezé di Camargo e Luciano ditam a tendência da música sertaneja mais sofisticada, com acordes mais rebuscados, até mesmo com orquestras ao fundo, mais parecidas com a MPB e com o Rock´n´roll da época.
Na década de 90 novas duplas surgiram e Leandro e Leonardo ganham um programa que levava seus nomes, na Rede Globo. Dai para frente a música sertaneja moderna não sai mais das paradas em todo o Brasil. Lugares que não aceitavam essa música, como o Rio de Janeiro, abriram suas grandes casas de shows para a nova música brasileira que acabava de cair no gosto da juventude. Nas décadas seguintes surgiram duplas e cantores “solos”, desde Jorge e Matheus a Paula Fernandes, num crescente sem fim.
Hoje a música sertaneja é incontestavelmente a mais popular do país, dominando os espetáculos por todas as regiões. Para se ter uma ideia da intensidade da música sertaneja, no ranking de novembro de 2014 da Bilboard Brasil, das 20 primeiras músicas, apenas a 17ª (Thiaguinho) e a 20ª (Sorriso Maroto) não são sertanejas. Isso mostra que o crescimento e a presença nacional da velha e boa música do sertão são espantosos, demonstrando uma vocação para o interior, a melancolia e para o romântico, marcas registradas desse segmento.
Voltando para o último programa da série do Fantástico, apesar de todo esse crescimento e aceitação da música de minha terra, dias desses tive um susto: disseram no jornal que Lucas Lucco seria cantor sertanejo. Dai passei a analisar o que esse cantor teria de sertanejo. Hummm.... pois.... vejamos... NADA. Em verdade, o que haveria de semelhança entre a dupla Milionário e José Rico e cantores como Gustavvvvvvvo Limma ou Luan Santana? NADA.
Bem vindos ao admirável mundo novo sertanejo!